sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Parando pra pensar...

Ontem tive uma conversa longa, honesta e muito interessante com Jukka, o meu isä (pai finlandês). Eu andava um pouco triste esses dias por algumas coisas que estavam se acumulando. Saudade da minha família, muito tempo em casa (lê-se 'aguaceiro caindo do céu' para brasileiros, 'dias comuns como quaisquer outros que não impedem a vida' para finlandeses), aflição sobre temas pessoais, (lê-se TPM)... normal.

Estávamos conversando sobre um mapa da Finlândia que eu comprei e então natural e repentinamente ele me perguntou se eu gostava de estar na família dele e também se estava tudo bem comigo. Disse-me que posso conversar com ele quando me sentir mal,"koska se on hyvä puhua kun olet surullinen" porque é bom falar quando nos sentimos pra baixo. Gosto muito de estar aqui com os Kontio, eles me fazem me sentir realmente em casa. Embora meu irmão não fale muito comigo, o que foi meio frustrante no começo, me sinto à vontade com eles e eles se importam comigo, o que é muito bom, tenho sorte. Gosto muito do meu pai, que tem me ajudado muito não só falando comigo só em finlandês claro e simples(nossa conversa longa, honesta e muito interessante foi toda em finlandês e fico muito feliz que fui capaz de travá-la!). Uma coisa nele é diferente de muita gente por aqui: ele tem interesse pela minha língua, pelos meus costumes, pelo que existe no Brasil ou não. Ele gosta muito de história, então acho que ele por mais que não fale inglês realiza comigo um belo intercâmbio cultural. Com olhos críticos, diria que os finlandeses em geral não são o povo mais aberto por aí. Foi difícil me acostumar com a falta de reciprocidade de interesse de conhecimento. Algumas pessoas não se interessam pelos meus costumes assim como eu me interesso pela Finlândia, nem mesmo se eu tiver a atitude de mostrá-los algo primeiro. Quando encontro alguém interessado é realmente o máximo poder apresentar algo (qualquer coisa) sobre o meu país. É algo de valor! É uma oportunidade e tenho que aproveitá-la.

Intercâmbio não são só flores, é muito mais confortável passarmos pela solidão estando na nossa terra natal, falando nossa própria língua, lidando com os nossos próprios hábitos e pessoas que entendem nossa cultura sem precisar explicar nada. Estas experiências durante o tempo que estou aqui no meu intercâmbio estão caminhando para se juntar às melhores e às piores coisas que já vivi. Sem querer ser clichê, mas já sendo, esta oportunidade única está sendo um aprendizado e tanto, além do intelecto, além do campo pessoal, afeta as minhas emoções e testa os meus limites de flexibilidade.

Adaptação a um lugar é uma coisa... é fácil: ao clima, à comida, aos horários, à posição do sol etc. A adaptação mais complicada e, ironicamente, a mais importante é aquela às pessoas que estão neste lugar. Agregar-se às pessoas deste lugar é poder fazer parte da comunidade sem a qual o lugar não seria nada. E aí acontece o compartilhamento da coisa.

Amanhã parto para a Lapônia, a mala está vazia na minha frente e estou com uma preguiça sem dimensões de arrumá-la, embora bastante empolgada para partir e rever os demais intercambistas por aqui. Bom, vou lá fazer minha seleção de peças de roupa (meia, meia de lã, segunda, terceira, quarta... peles, casaco, casaquinho, casacão e tudo mais), o que será meio árduo, sem contar que devo estar devidamente descansada já que a viagem é de ônibus e vai levar aproximadamente 10 horas daonde estou até Rovaniemi (cidade considerada Portal para a Lapônia). Vai valer muito a pena e vou ver 22cm de neve que estão por lá.... :D
Por hoje é isso.

2 comentários:

  1. vc escreve de maneira simples, honesta e isto me agradou mto! vc é brilhante, é encantadora.
    seja feliz!

    e qtos anos vc tem?
    meu nome é Reymond.

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  2. Moi!!
    Descobri seu blog meio por acaso, mas estou achando incrível!
    Estive na Finlândia em julho desse ano, visitando alguns amigos em Rovaniemi. Você já deve ter voltado da Lappi a essas alturas, mas espero que tenha gostado! É meu lugar favorito no mundo inteiro, de verdade. Pretendo fazer meu mestrado por lá ;D
    Vou continuar acompanhando o blog, só matando um pouco a saudade de tudo por aí... até dos mosquitos que não me deixavam pescar sossegada no verão hehe
    Muito sucesso pra você!
    Heippä :)

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