quarta-feira, 11 de abril de 2012

aeae momento pra sofrer!

Desculpem os vários posts sem atualizar nada, mas eu não podia perder as datas por causa da minha falta de animação. Esta é minha última semana com os Japola. Ontem estávamos falando que eu saia no sábado e senti meus olhos encherem de lágrimas.

Todo mundo diz que essa coisa de mudar de família com o Rotary é horrível. Depende. Ouvi dizer que com outras agências de intercâmbio por onde se faz prova a questão da família é horrível pelo fato de ser muito difícil trocar. E eu, como intercambista, penso que intercambista vem preparado pra comer pedra, pra dormir no chão, pra dividir armário com uma dúzia de irmãos, pra tomar banho com água fria, preparado até pra andar milênios até o centro só pra não fazer a família te levar a lugar nenhum mesmo que eles insistam.

Até porque com o Rotary as famílias são voluntárias, e receber um estrangeiro na casa deles deve ser um plus, não um ônus. Naturalmente já é um ônus. Mesmo podendo comer até pedra, você precisa se alimentar. Você usa água (muita água, latinos). Você ocupa espaço. Você é mais alguém pra caber no carro... você - você aí, latino, brasileiro, principalmente - pode apostar que você usa muito papel higiênico... no meu caso, sou a única mulher da casa, passei meses abaixando a tampa da privada com um baita sorrisão na cara... já que por causa de mim eles gastavam 98430598340985 rolos semanais.

Mas... às vezes o intercambista também acha que aguenta mais do que realmente aguenta. Com certeza o astral da família, seja bom ou ruim, vai nos influenciar emocionalmente sem a nossa percepção. Aí estão inclusos problemas de pele, stress emocional, vontade de voltar pro país de origem, vontade de dormir, de matar escola (não que isso necessariamente signifique ficar em casa), choros constantes... mesmo depois de um certo tempo de intercâmbio, e aí vem aquilo "mas por que eu ainda não me acostumei?"

Véi, nesse caso o astral do ambiente vem do astral de cada um daqueles que compõem o ambiente. Não é porque um intercambista - que digamos, de passagem, é minoria - chegou na casa que eles vão mudar. Mals aê informar.

Agora as consequências de um ambiente alto astral também existem: vontade de tomar banho todos os dias (vão parar com a hipocrisia, quem tá triste não toma banho, todos sabemos disso), tirar fotos até da formiguinha na parede (se é que tem formiga na Finlândia...), acordar cedo no final de semana pra fazer nada,      aprender mais... e blá blá blá de bom que você já deve imaginar.

Mas voltando no assunto da minha família atual que tá me doendo deixar... esta honestidade toda aqui é a minha gratidão. Não é gratidão por comprar pão de fatia por que eu gosto mais que o tal do ruisleipä. Não só por aguentar a insanidade que é a bagunça do meu quarto. Nem por me deixar ocupar o quarto do meu irmão mais novo, que se mudou pro quarto do pai, que se mudou pro sofá dobrável da lavanderia.

Esta família me ensinou muitas coisas. Eles tiraram de mim a impressão estereotipada dos finlandeses. Embora meu pai Ilkka seja um TÍPICO finlandês caladão, reservado, na dele...  haha

Fico triste também porque me dei conta que faltam uns três meses pra eu voltar, porque eu tive uma páscoa diferente e muito boa e to na pós-diversão, de volta a minha cidade, porque as minhas coisas não vão caber nunca na porcaria da mala pra voltar pro Brasil... porque uma encomenda para o Brasil é estupidamente cara e o limite é um absurdo de pouco!

Mas a verdade mesmo é que neste momento eu tô morrendo porque meu endereço não vai mais ser c/o Japola.

Sempre que eu pensava em sair daqui dos Japola, eu afastava esse pensamento e falava pra mim mesma: "Sofra depois". É né, chegou a hora de sofrer. Porque tudo chega porque o tempo passa... e nada o para.

Mais uma fase do intercâmbio chega ao fim... e pelo menos não preciso dar tchau de vez... ainda me restam três meses, right?

Deixo vocês com uma piadinha que de tão horrível chega a ser engraçada. Já fiquei sem ar de tanto rir disso:

You know All Right? And That's Right?
They are brothers.        
                                          Ilkka Japola

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