terça-feira, 20 de março de 2012

Vamos falar da Rússia!

Pra compensar o vídeo traumatizante de ontem kkkkkkkkkkk (eu vi na TV, não pude deixar de postar... por favor compreendam! kkk) vou escrever um pouquinho do que tenho lido hoje. Nada de ufoporno!

Um dos meus sonhos era conhecer a Rússia. Eu sempre tive interesse, a impressão mágica sobre a cultura russa me fascina desde os tempos de Anastasia da Disney (lembrando que este filme não segue religiosamente a História). OH JAH, e pensar que este filme é de 1997... estou muito velha. Enfim, bem sabe minha tia Bea querida, de quem estou morrendo de saudades, que me deu um baita livrão sobre a história da Rússia, livro este que eu nunca terminei de ler de tão enorme que é... Enfim, estou indo pra Rússia nesta semana, quinta-feira, com o Rotary. As cidades que vamos visistar são Viborg e São Petersburgo. Infelizmente não vamos a Moscou, já que a viagem é de ônibus e Moscou e bem longe daqui, mesmo que não pareça no mapa...

HAHAHA, aliás, Moscou pra quem tá aqui na minha opinião é tão ali do lado quanto Viamão-Porto Alegre. Eu estava com esperanças de ir num show da minha banda preferida, Keane, que vai ter em Moscou dia 6 de Abril, mas não há ninguém que possa ir comigo :( kkk Ó VIDA, pelo menos vou tirar foto com o cartaz em São Petersburgo.


A RELAÇÃO ENTRE FINLÂNDIA E RÚSSIA

Às vezes pensamos que por serem geograficamente próximos é "tudo a mesma coisa", que o jeito das pessoas é o mesmo, vodka, línguas difíceis... desconsiderando inclusive a relação histórica entre os dois países. Mas em comum mesmo estes têm apenas o clima frio e a possibilidade de ver a Aurora Boreal. Nem seus idiomas compartilham da mesma raíz linguística. Na Rússia tem até urso polar, coisa que na Finlândia não tem!

Os finlandeses não costumam frequentar a Rússia tanto quanto os russos frequentam a Finlândia. O turismo é econômico e muitos finlandeses não gostam da presença dos russos nas suas lojas. Essa russofobia toda vem como consequência dos acontecimentos históricos da região.

A Finlândia foi um Grão-Ducado russo a partir de 1809. Era geograficamente interessante para o governo russo ter aquelas terras, a estratégia era proteger a capital do país, Leningrado (atual São Petersburgo). Assim permaneceu até 1917, quando a czarismo foi derrubado com a instituição da União Soviética e os finlandeses viram aí a oportunidade para se declararem uma nação independente.

Território finlandês entre 1917-1940.
Em 1939, logo no início da Segunda Guerra Mundial, a URSS atacou a Finlândia dando início à Guerra de Inverno (Talvisota em finlandês), fato de grande peso histórico por aqui. O plano de Stalin era dominar todo o território, o que não foi possível graças a resistência finlandesa. A Finlândia no entanto não tinha força bélica para lutar contra o Exército Vermelho soviético. Foi neste evento que a Finlândia perdeu parte do seu território, incluindo a cidade que vamos visitar,Viborg (em finlandês, Viipuri).

Muitas crianças finlandesas foram separadas de suas famílias ao serem mandadas para a Suécia para serem protegidas nos tempos de guerra, o que seria temporário. Entretanto, nem todas estas crianças depois de viver este tempo fora voltavam. Outras perdiam contato com suas famílias de origem. A adaptação era difícil, as famílias suecas que as recebiam eram 'voluntárias' e ainda existia a barreira linguística finlandês - sueco.

TRAILER (legenda em inglês)


Existe um filme sobre esta questão que eu assiti, muito triste por sinal, muito tocante e bonito, Aideistä parhain (A melhor das mães). No fim do filme eu amei minha mãe mais ainda...

De uma maneira poética, associam o mapa da Finlândia à uma mulher. Esta mulher perdeu um dos braços na guerra. Eu associaria a uma mãe.


O líder finlandês da época ganhou apoio do exército nazista alemão contra os soviéticos, fato do qual os finlandeses não tem orgulho atualmente e não citam como marcante na história nacional. Eu não sabia, mas alguns líderes finlandeses foram nazistas.

RISTO RYTI, por exemplo, Presidente finlandês preso durante 10 anos por colaborar com a Alemanha nazista contra os soviéticos.

Depois da guerra, o líder admistrativo finlandês que atuou 1944 a 1956, Juho Paasikivi, estabeleceu relações cordiais com a URSS neste período, pagando indenizações aos soviéticos e abrindo mão dos territórios da Carélia (região onde se encontra Viborg) e o Petsamo (o braço da mulher).

Os finlandeses precisam de visto para passar para a Rússia e o mesmo vale para os russos em relação à Finlândia. A fiscalização na fronteira é rigorosa para ambas as partes. Nós brasileiros e a maioria dos cidadãos sul-americanos (como argentinos, chilenos, colombianos etc) não precisamos de visto para cruzar a fronteira da Rússia. Isto me poupou um bom dinheiro já que o visto não é lá muito barato, dependendo do país. Os mexicanos, por exemplo, pagam 70 euros.

Uma curiosidade que tenho e ando futricando e perguntando... o que significa o brasão finlandês? Descobri que a espada sob os pés do leão simboliza a Rússia.




UM POUQUINHO DA RÚSSIA

A Rússia é uma longa extensão de terra, tem 11 fusos diferentes e diversidade de vegetações e clima (desde tundras no Ártico até desertos Cáspios). Uma parte dela está na Europa e outra na Ásia, embora a população da Rússia Asiática seja significativamente menor. Todo mundo sabe que a Rússia é o maior país do mundo. Como funciona um território tão grande formando uma única nação? Dá certo isso? Já sei que a América Espanhola e seus governos gerais não deram certo. A Rússia é uma federação (cujo nome oficial é Российская Федерация, Federação Russa), formada de estados "autônomos", assim como o Brasil.

Atualmente a Rússia é dividida em 89 regiões. HAJA REGIÃO! A resposta para tal unificação vem no seguinte texto...


"Apesar desta diversidade natural da Rússia, a cultura é excepcionalmente unificada. Você pode pegar um avião em São Petersburgo e voar por nove horas. Ou entrar numa jornada no famoso trem Trans-Siberiano em Moscou e viajar para leste durante sete dias. Ou partir numa longa viagem de carro (de muitos dias) através dos sertões russos sem estradas. E em todo lugar você vai encontrar um mundo que é surpreendentemente como o que você já viu antes - montanhas, mar, pinheiros, bétulas - mas a vida das pessoas vai ser surpreendentemente semelhante; as mesmas casas, o mesmo padrão de vida, as mesmas peculiares tradições e, o mais importante, as mesmas pessoas." Culture Shcok! A Survival Guide to Customs and Etiquette - RUSSIA, by Anna Pavlovskaya, Capítulo 2, página 34.
Os russos têm um jeito que se assemelha mais ao jeitinho brasileiro. As brincadeiras, abraços, beijinhos na bochecha e tudo mais, coisa que você nunca vai ver um finlandês fazendo na primeira vez que ele te encontra. Tenho uma amiga russa e quando convivo com ela percebo a diferença dela para meus outros amigos. Em geral, os russos não mantêm espaço físico. Tocar na pessoa durante uma conversa não é abuso de espaço mesmo quando você não é íntima dela, também faz parte do processo de conhecimento... eu não sei explicar muito bem, mas é algo semelhante ao que temos no Brasil. A relação com os finlandeses demora mais para quebrar a barreira do toque. Tenho ainda amigos finlandeses que conheço há um tempo e não abracei até hoje...

A língua russa é escrita no alfabeto cirílico, razão pela qual olhamos praquelas letrinhas marcianas com aquela cara de "DAFUQ is this". O alfabeto cirílico foi criado pelos missionários bizantinos Cirilo e Metódeo com o objetivo de transcrever a Bíblia para os povos eslavos, no século IX. Provavelmente foi baseado nas maiúsculas do alfabeto grego, o que ainda é apenas uma teoria dos estudiosos.

Hoje eu já consigo associar as letras aos sons, leio na velocidade de uma lesma, mas já processo como pronunciá-las. É como um joguinho da memória de confunde-confunde, onde o H tem som de N, o P tem som de R e o B tem som de V, sem falar que quando escritas em letra cursiva algumas letras aparentemente são outras, como o T que parece o nosso M cursivo e o G que quando maiúsculo parece o T e quando minúsculo parece o R (não, não bastava ele parecer uma letra só). É, tem essa também minha gente.


Ando estudando russo por puro prazer. Eu sou fascinada em línguas, por mais difícil que sejam. Faz parte de estar estudando finlandês... Acho encantador e é um hobby que quero manter como hobby, sem expectativas profissionais... tenho medo que perca a graça depois que virar uma obrigação! Li esses dias que o Português Brasileiro era uma língua promissora para se aprender pela enorme quantidade de falantes, os nossos 190 milhões. Na Rússia a população é de 150 milhões... não fica muito atrás. Talvez russo também não seja inútil, ein! Por enquanto o máximo que eu posso fazer é ler placas.

QUÊÊÊÊÊÊÊ????????????

E não necessariamente entendê-las.

As pessoas aqui em Lappeenranta frequentemente acham que eu sou russa, aprendi até a falar uma frase super útil: Я не говорю по-русски (Eu não falo russo). Ah, e sei xingar umas coisas também, não ia deixar de aprender tendo uma amiga russa, não é mesmo?? haha.... eu não presto.

Покá! (Tchau!)

3 comentários:

  1. Ótimo post, Júlia! Eu sei falar 'oi' eu russo mas não faço a mínima de como escrever:
    priviet!
    HAHAHAH

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    1. Obrigada! :D
      SIIIIM, Привет! falo isso quase todo dia... kkkkkkk um parto pra aprender a escrever!

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  2. Obrigado por enobrecer a minha cultura com o seu post, Ju. Muito obrigado pelo carinho. Estou com saudades! Beijão do Abdulah para ti.

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